domingo, 8 de janeiro de 2012

A AUTO-ESTIMA, AUTO-IMAGEM E/OU AUTO-CONCEITO DO PROFESSOR... DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Hugo Norberto Krug

Algumas considerações iniciais sobre auto-estima, auto-imagem e/ou auto-conceito docente
        Considerando que este ensaio faz parte do espaço formativo do GEPEF intitulado “Cenas e cenários sobre formação e prática pedagógica de professores de Educação Física”, o mesmo tem como objetivo abordar a questão da auto-imagem, auto-estima e/ou auto-conceito e a importância destes no desenvolvimento da prática pedagógica do professor... de Educação Física.
        Neste direcionamento citamos Marquezan (1998) que coloca que a auto-estima, a auto-imagem e/ou auto-conceito são construídos a partir da formação de conceitos/preconceitos imaginários e simbólicos. A partir das vivências sócio-culturais da família, da escola, dos grupos de iguais, vamos internalizando os valores grupais e sociais, e vamos constituindo historicamente a nossa subjetividade, a nossa identidade.
        A autora destaca que pensar e representar estas questões, é fundamental em relação ao desenvolvimento do ser humano; seja ele criança, adolescente, adulto ou idoso.
        A auto-imagem e a auto-estima determinam a maneira pela qual uma pessoa percebe, sente e responde ao mundo. Daí, a importância de estudarmos e criarmos espaços que proporcionam o seu desenvolvimento (Marquesan, 1998).
Deste modo, torna-se importante conhecer e compreender o processo de construção da auto-imagem, auto-estima e auto-conceito, pois isto pode ser um dos fatores determinantes para a obtenção do sucesso docente, vindo, portanto,a contribuir no processo de formação permanente do professor.
        Mas, para um melhor entendimento desta temática precisamos abordar mais detalhadamente o processo de construção da auto-imagem, auto-estima e/ou auto-conceito.

O processo de construção da auto-estima, auto-imagem e/ou auto-conceito
        Segundo Marquezan (1998) auto-estima é a vivência de sermos apropriados à vida e às exigências que ela faz. Mais especialmente, auto-estima é: a) a confiança em nossa capacidade para pensar e enfrentar os desafios e problemas da vida; e, b) a confiança em nosso direito de sermos felizes, a sensação de sermos competentes, dignos, autônomos e qualificados para expressar e satisfazer nossas necessidades, desejos, motivação, sonhos, imaginação e desfrutar das nossas realizações por mais humildes que elas sejam.
        De acordo com Branden (1997) a auto-estima fundamenta-se em seis pilares atitudinais: 1) A atitude de viver conscientemente; 2) A atitude de auto-aceitação; 3) A atitude de auto-responsabilidade; 4) A atitude de auto-afirmação; 5) A atitude de intencionalidade; e, 6) A atitude de integração pessoal.
        Mosquera (1977) afirma que a identidade psicológica é um processo abrangente que engloba a auto-imagem e a auto-estima.
        A auto-estima está intimamente relacionada com a auto-imagem e decorre da maneira como os demais a vêem. A auto-estima depende da auto-imagem. É a avaliação que a pessoa faz de si que a conduz a gostar, daquela imagem em diferentes graus, estimá-la e respeitá-la.
        Rosemberg (1973) define auto-estima como uma atitude positiva ou negativa em relação a si mesmo.
        Este mesmo autor apresenta duas conotações diferentes para o termo:
1) Auto-estima alta - é quando a pessoa se respeita e estima, sem considerar-se melhor ou pior que os outros e sem acreditar-se perfeita, reconhecendo suas limitações e esperando melhorar e amadurecer; e,
2) Auto-estima baixa - é quando a pessoa está insatisfeita, rejeita e despreza a si mesma, não se respeitando pelo que observa em si, mas, ao contrário, deseja mudar porque lhe desagrada.
        A auto-estima alta e baixa dependem das experiências positivas e negativas, especialmente as relativas à afeição, ao amor, à valorização, ao sucesso ou ao fracasso vivenciadas pela pessoa ao longo do tempo.
        Rosemberg (1973) assinala ainda a influência de fatores sociais, como classe social, religião, raça e outros sobre o desenvolvimento da auto-estima bem como o prestígio no grupo, a posição do adulto no mundo ocupacional, o fracasso ou o êxito na escola e na profissão.
        Briggs (1972) destaca a importância da força das influências das pessoas significativas no desenvolvimento da auto-imagem e da auto-estima do ser humano.
        O auto-conceito se forma através das mediações sócio-culturais ao longo do desenvolvimento. Isto quer dizer que o auto-conceito é aprendido. Ele decorre das expectativas que cada pessoa tem sobre a vida, os sentidos, os sentimentos, os seus significados, os valores, etc.
        O auto-conceito pode ser mantido e realizado através de processos como: a) auto-realização; b) aquisição de um senso de identidade; c) realização e domínio de objetivos importantes; d) prática da consciência de que o sujeito histórico se constrói com autonomia, dentro de um processo emancipatório que crie espaços para a construção de uma identidade individual e coletiva; e, e) formação da consciência crítica, tornando a pessoa distinta, singular, única, possibilitando um relacionamento intrapessoal e interpessoal competente, honesto, verdadeiro, transparente, empático, fraterno, justo, etc.
        Segundo Branden (1997) a auto-estima é a disposição da pessoa para se vivenciar como alguém competente e merecedor de felicidade. Implica num conceito positivo de si mesmo, necessário e essencial para uma vida de plenitude. Auto-amar-se é a chave para a saúde, o sucesso, o auto-conhecimento, o heteroconhecimento e a felicidade.
        O desenvolvimento do auto-conceito, da auto-estima abrange três domínios (Marquezan, 1998): a) o contexto no qual o desenvolvimento ocorre; b) as características pessoais (biológicas ou psicológicas) da pessoa presente neste contexto; e, c) processo através do qual o desenvolvimento emerge.

Algumas considerações finais sobre auto-estima, auto-imagem e/ou auto-conceito docente
        O êxito e o fracasso do futuro professor de Educação Física, por ocasião do desenvolvimento de seu estágio curricular, se relaciona entre tanto outras variáveis com a personalidade do próprio acadêmico, em especial com sua auto-imagem, auto-estima e ou seu auto-conceito e, estas por sua vez dependem do contexto escolar (professores, colegas, especialistas) assim como do contexto familiar e social mais amplo.
        Salientamos a importância da auto-estima alta para que o futuro professor de Educação Física ao realizar seu estágio curricular possa ter controle de impulsos, expressão adequada de emoções e manutenção de relacionamentos. Segundo Marquezan (1998) estes são aspectos essenciais ao equilíbrio e auto-controle emocional, à resistência ao estresse e ao processo decisório, à autonomia e à própria felicidade.
        Finalmente, poderíamos dizer que uma auto-estima positiva decorre de quanto aprendemos a nos libertar e a libertar os outros; decorre também do quanto somos independentes, autônomos, autênticos e felizes.

Referências
BRANDEN, N. Auto-estima e os seis pilares. São Paulo: Saraiva, 1997.

BRIGGS, D.C. El niño feliz. Buenos Aires: Ghanica, 1972.

MARQUEZAN, L.I.P. Auto-estima, auto-imagem e/ou auto-conceito. Revista Cenas e Cenários: reflexões sobre a Educação, p.104-115, 1998.

MOSQUERA, J.M. Psicodinâmica do aprender. Porto Alegre: Sulina, 1977.

ONOFRE, M.S.; FIALHO, M. Diagnóstico dos problemas da prática pedagógica em Educação Física: o caso dos professores estagiários. In: Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa, IV, 1995, Coimbra. Anais..., Universidade de Coimbra, Coimbra, 1995. p.EF-45.

ROSEMBERG, M. Society and the adolescent self-image. Princeton: Princeton University Press, 1973.

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