Como o nosso companheiro Leonardo elaborou algumas questões, irei realizar a mesma estrutura de respostas, qual já realizada pelo Rodrigo e a Moane. Somente irei mudar um pouco as questões de acordo com minha curiosidade diminuindo inclusive o numero de questões para duas. Vamos lá.
Primeira questão: A identidade do Professor de Educação Física? Esta é uma questão que me traz um pouco de duvida. Para Pineau apud Krug (2010, p. 01) “em sua formação o professor de Educação Física situa sua aprendizagem na construção de si próprio, [...] onde sua identificação é fundamental para a construção de sua identidade”. Logo após o autor destaca que “ninguém se forma no vazio. Formar-se supõe troca, experiência, interações sociais, aprendizagens, um sem fim de relações. Ter acesso ao modo como cada pessoa se forma é ter em conta a singularidade de sua história“. Então observando que ninguém se forma no vazio e estas relações históricas tem um grande sentido me pergunto: grande parte de nossa história esta voltada para o ensino técnico, destes professores a maioria passou por aquela concepção de Educação Física técnica, no mais estamos em um momento de crise de identidade devido a toda nossa historicidade? Porque falo em crise, falo em crise, pois estamos em um estado transitório de incertezas e dificuldades, mas também cheio de possibilidades de renovação. Esta mudança ocorre devido a evolução pedagógica que passa pela mais recente separação do curso o dando outra nomenclatura, (Licenciatura e Bacharelado) onde muitos professores que nos possibilitam esta formação inicial encontram-se em crise sem saber diferenciar as duas filosofias propostas.
Medina (2002) afirma que: “A Educação Física precisa entrar em crise urgentemente. Precisa questionar criticamente seus valores. Precisa ser capaz de justificar-se a si mesma. Precisa procurar sua identidade. É preciso que seus profissionais distingam o educativo do alienante, o fundamental do superfulo de suas tarefas”.
Segunda questão: A identidade da Educação Física Escolar(EDFE)? Para responder esta questão sobre a identidade da EDFE, primeiramente irei realizar outra pergunta. O que é Educação Física Escolar? Entendo a EDFE como um conhecimento tratado no âmbito escolar e colocado dentro de referências filosóficas, cientificas, políticas e culturais. Estas referências citadas anteriormente que irão formar nossas diferentes práticas pedagógicas, assim quando se pergunta o que é esta EDFE estamos pensando em dar sentido a nossas preocupações de compreender esta EDFE prática e transformá-la. Apartir desta compreensão que chego a fala do prof. Leonardo, que coloca entre aspas aquela velha e cansativa pergunta para quem trabalha na escola (professor tem física hoje?), acreditando que esta dicotomia entre Educação Física e Física, com que alunos estão acostumados provem de nossa história propriamente dita, se pensarmos um pouco e olharmos para o passado que a EDFE possuí, iremos observar que ela tem um papel importantíssimo na consolidação de uma nova sociedade – a capitalista – onde os exercícios físicos tem um papel importantíssimo. Segundo Taffarel (1992, p.51): “Para esta nova sociedade, tornava-se necessário “construir” um novo homem: mais forte, mais ágil, mais empreendedor [...] exercícios físicos, então, passam a ser entendidos como receita e remédio, julgava-se que implementando eles na escola, era através dos mesmos que iríamos formar trabalhadores com corpos saudáveis, ágeis e um homem disciplinado, o que era exigido por este novo governo capitalista.”
Taffarel também conta um pouco da historia do Curso de Educação Física da UFSM, CEFD/UFSM inaugurado em 1970, onde a mesma menciona que até o fim da ditadura militar que perdurou de (1964/1985), o CEFD era voltado para a formação de atletas, como todos os cursos de EDF instituídos neste país. Abrindo um pouco mais o pensamento posso dizer que o conceito (formar para atuar pedagogicamente) no Brasil possui apenas 26 anos, então estes pais realizam sim uma visão de EDFE, como sendo algo técnico e prático. Agora lhes conto uma historia que aconteceu comigo e deve acontecer com todos: certo dia um pai veio em minha direção durante minha atuação como docente e esbravejou as seguintes palavras: “este é o único momento de lazer que meu filho possui na escola e o senhor esta querendo tirar, com estas aulas que falam sobre saúde, cultura entre outras porcarias. Ele está focado nas outras disciplinas que irão cair no vestibular e não precisa ficar escutando e estudando tais baboseiras”! Foi algo que ficou muito marcado em minha breve carreira naquela escola. Mas observando a historia que possuímos entendo que ainda vamos levar muitos anos para criarmos uma identificação com a sociedade em geral, ouso em dizer que estamos caminhando para uma nova estruturação a passos largos contra outras disciplinas pedagógicas que se utilizam ainda da forma (segundo as palavras de Freire (1989)) “bancária”, de dar aula, uma forma na qual o professor apenas deposita seu conhecimento e o aluno o recebe.
Este é um pensamento que possuo sobre o assunto, peço as mais sinceras desculpas pela demora, mas estava com um pouco de receio em postar estas palavras sendo que acredito que estas darão um debate imenso, tendo muitas reflexões contrarias as minhas palavras!
Referencias
COLETIVO DE AUTORES (1992) Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez.
FREIRE, J. B. S. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1989.
KRUG, H.N. A construção da identidade profissional docente no estágio curricular supervisionado na percepção dos acadêmicos da licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, a.13, n.143, p.1-13, Abril, 2010. http://www.efdeportes.com/efd143/identidade-profissional-docente-no-estagio-curricular-supervisionado.htm
MEDINA, João Paulo Subirá. Educação Física cuida do corpo e... “mente. 18ª ed. Campinas. Papirus, 2002.
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