Primeiramente gostaríamos de parabenizar o professor Leonardo pelo texto que dá início ao debate sobre a temática “identidade profissional” do II Ciclo de Estudos do GEPEF. Sendo assim, estruturamos estas escritas através das questões colocadas pelo professor em seu texto.
Primeira questão: De que maneira se dá a passagem do “estado de aluno” para o “estado de profissional”?
Para tentar responder esta pergunta citamos Santos Júnior e Krug (2008) que colocam que o acadêmico se constitui como profissional no momento em que passa a atuar no contexto de sua profissão, na medida em que se torna ativo na elaboração, execução e avaliação de seu próprio trabalho docente. A fala de Guarnieri (2005) também nos remete a este pensamento, quando este coloca que é no exercício da profissão que se consolida o processo de tornar-se professor, ou seja, o aprendizado da profissão a partir de seu exercício possibilita configurar como vai sendo constituído o processo de aprender a ensinar.
Segunda questão: para que serve a Educação Física Escolar?
Atualmente a Educação Física Escolar está sendo utilizada pelos professores e alunos somente para a prática de esportes. Paz e Pires (2002) explicam que a prática de esportes nas aulas é uma constante e ocupam uma posição importante na preferência dos alunos e nos conteúdos mais trabalhados pelos professores. Sendo assim lançamos a seguinte pergunta: será que esta é a identidade da Educação Física Escolar?
De acordo com Canfiled (1998) esta não é a identidade da nossa profissão. A autora explica que a aula de Educação Física não pode ser confundida com um grupo de lazer, um clube, um lugar de treinamento preparatório para competições, sendo sim, um lugar de obrigações, confrontações e diferenças.
Terceira questão: Qual é a identidade profissional do professor de Educação Física?
Concordamos com os autores citados pelo professor Leonardo que dizem que a identidade profissional não é um dado adquirido, não é uma propriedade, não é um produto (NÓVOA, 2002), é um processo de construção do sujeito historicamente situado (PIMENTA, 2005).
Também concordamos com as colocações da professora Carla, onde ela diz que o processo de construção da identidade profissional docente inicia-se antes mesmo da entrada no curso de formação inicial, pois cada sujeito já possui uma propensa identidade de ser professor. Cada pessoa carrega consigo sua história, suas experiências como aluno de Educação Física Escolar. Hurtado (1983) coloca que o professor influencia o aluno, tanto pelo que ensina, como pelo que faz, pelo bom exemplo que dá. Sendo assim os nossos professores influenciam nossa identidade profissional, seja de forma positiva ou negativa.
O texto da professora Carla traz exatamente o que pensamos sobre identidade profissional, onde os processos formativos são construídos a partir de experiências vividas, englobando tanto fases da vida pessoal quanto da profissão, não havendo possibilidade de separação entre a profissão e a vida pessoal. Holly (1992) e Gonçalves (1992) explicam esta relação, ressaltando que as representações do campo escolar influenciam e determinam nossa identidade profissional, acrescidas de nossas histórias de vida, através dos diferentes contextos biológicos, experienciais e sociais em que crescemos e vivemos.
Nesse sentido, ninguém forma sua identidade profissional no vazio, formar-se supõe troca, experiência, interações sociais e aprendizagens, um sem fim de relações. Ter acesso ao modo de como cada pessoa se forma é ter em conta a singularidade de sua história e, sobretudo o modo singular como age, reage e interage com os seus contextos (MOITA, 1995).
Referências
CANFIELD, M.S. Educação Física: necessidades educativas do futuro. Revista Kinesis, Santa Maria, n.20, p.129-137, 1998.
GONÇALVES, J.A.M. A carreira das professoras do ensino primário. In: NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Porto: Porto Editora, 1992. p.141-168.
GUARNIERI, M.R. O início na carreira docente: pistas para o estudo do trabalho do professor. In: GUARNIERI, M.R. (Org.). Aprendendo a ensinar: o caminho nada suave da docência. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. p.5-24.
HOLLY, M.L. Investigando a vida profissional dos professores: diários biográficos. In: NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Porto: Porto Editora, 1992. p.79-110.
HURTADO, J.G.G.M. O ensino da Educação Física: uma abordagem didática. 2. ed. Curitiba: Educa/Editer, 1983.
MOITA, M. da C. Percursos de formação e de trans-formação. In: NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Porto: Porto Editora, 1992. p.111-140.
NÓVOA, A. Diz-me como ensina, dir-te-ei que és e vice-versa. In: FAZENDA, I. (Org.). A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento. 4. ed. Campinas: Papirus, 2002. p.29-41.
PAZ, J.R.; PIRES, V. Visão do aluno sobre a Educação Física na escola: um estudo com a 8ª série de ensino fundamental de Santa Cruz-RS: In: SIMPÓSIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, XXI, 2002, Pelotas. Anais, Pelotas: ESEF/UFPEL, 2002. p.100- 111. CD-Room.
PIMENTA, S.G. Formação de professores: identidade e saberes da docência. In: PIMENTA, S.G. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2005. p.15-34
SANTOS JÚNIOR, S.L.; KRUG, H.N. Extensão universitária: contribuições à formação inicial em Educação Física da UFSM. In: KRUG, H.N. (Org.). Os professores de Educação Física e sua formação. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2008. p.49-55.
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