Tratando da temática "Educação Física Escolar (EFE): caminhos e descaminhos que fazem parte do contexto" gostaria de destacar que diversas pesquisas, entre elas Krug (2008), reforçam a constatação de que o meio escolar, na maior parte das vezes, evidencia os "descaminhos da EFE", denunciando "as péssimas condições de trabalho (falta ou escassez de espaço físico e de materiais para o desenvolvimento das aulas de EFE)", "os baixos salários percebidos pelos professores", "as dificuldades de relacionamento dos professores com os alunos indisciplinados" e também "as péssimas relações dos professores com os seus pares (colegas professores)". Assim, todo este quadro revela um professor propenso ou sob os efeitos do "mal-estar docente", pois estas questões levantadas são fontes geradoras desta situação. Nestas circunstâncias, a docência é uma profissão geradora de desgastes psicológicos, emocionais e físicos, entre outros. O trabalho torna-se penoso, frustrante e todas as situações novas que poderiam servir como motivação, passam a ser uma ameaça temida e, portanto evitadas. Nestas condições, cada vez mais o professor tem se ressentido em seu cotidiano profissional, pois os sentimentos de desilusão, de desencantamento com a profissão são relatados constantemente evidenciando o quanto a profissão docente está vulnerável ao mal-estar docente.
Assim, as conseqüências do mal-estar docente são: a desmotivação pessoal e elevados índices de absenteísmo e de abandono da profissão, a insatisfação profissional traduzida numa atividade de desinvestimento e indisposição constante, bem como a ausência de uma reflexão crítica sobre a ação profissional, entre outras aqui não citadas.
Desta forma, dentro deste quadro de mal-estar docente torna-se CONSTRANGEDOR constatar, de forma fria e calculista que, talvez, possamos destacar que, nestas condições de DESCAMINHOS, "não vale a pena ser professor... de Educação Física Escolar".
Entretanto, apesar deste quadro desolador podemos indicar CAMINHOS para a EFE que venham a apontar que realmente VALE A PENA SER PROFESSOR... DE EFE.
Neste sentido, apontamos para a superação deste quadro, em primeiro lugar, um trabalho preventivo que retifique enfoques e incorpore novos modelos no período de formação inicial, e a FORMAÇÃO DE PROFESSORES CRÍTICO-REFLEXIVOS nos parece ser um bom caminho, pois trata de possibilitar uma formação que trata da COMPLEXIDADE DA PRÁTICA PROFISSIONAL. Em segundo lugar, deve ocorrer articulações de formação continuada, embasada logicamente no ensino crítico-reflexivo, que prestem ajuda para o professor em serviço. Ainda devemos trabalhar para que os professores compreendam melhor os condicionantes sociais que atuam sobre o ecossistema escolar para que possam aprender a reduzir o mal-estar docente, compreendendo os significados dos sintomas do mal-estar docente, identificando os principais fatores que podem estar a contribuir para esta situação e, assim, construindo estratégias de "coping" para a redução destes sintomas.
Desta forma, estaremos construindo CAMINHOS para uma melhor EDUCAÇÂO FÍSICA ESCOLAR. Conseqüentemente diremos: VALE A PENA SER PROFESSOR... DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR!!!!!
OBS: Quero aqui ressaltar que este texto é somente uma das formas possíveis de se interpretar este fenômeno dos caminhos e descaminhos da prática cotidiana da EFE.
Referências
KRUG, H.N. Vale a pena ser professor... de Educação Física Escolar? Revista Digital Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, a.13,n.122, p.1-7, julio, 2008. Disponível em http://www.efdeportes.com/efd122/vale-a-pena-ser-professor-de-educacao-fisica-escolar.htm . Acessado em 4/7/2008.
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