sábado, 22 de outubro de 2011

II CICLO DE ESTUDOS - Temática: Formação Continuada - Carla

Dando continuidade às contribuições à cerca da Temática Formação Continuada, que tem como mediadora a professora Ana Paula da Rosa Cristino, temos que hoje há uma visão muito empobrecida da escola e de sua função. Por incrível que pareça, ela ainda é vista pela maioria das pessoas como um local que tem unicamente a função de ensinar com o objetivo de transmitir conhecimentos, ou melhor, conteúdos. Não há como negar que esse conceito que se tem de escola hoje é uma concepção que foi sendo construída culturalmente e se consolidando ao longo do tempo.

Consequentemente, a visão que se tem dos professores não é muito diferente. Estes têm a função de preparar os alunos para o futuro, de prepará-los para optar por esta ou aquela profissão quando for “gente grande”. Seu papel tem sido transmitir os conhecimentos necessários para que possam garantir pelo menos um bom emprego. Porém, essa constante preparação para um futuro que virá a ser acaba desgastando, empobrecendo a prática do professor e distanciando a escola da situação daquilo que já está sendo na vida cotidiana dos que participam do espaço escolar.

Nesse sentido, conforme Isaia; Bolzan (2009) o professor deve ter consciência que na medida “que ensina também aprende, mostrando-se ciente de sua responsabilidade na participação do seu processo formativo, assumindo-se como sujeito gerativo de si mesmo e de seus alunos”.

Desta maneira, o desafio está em pensar e construir uma escola que faça da prática educativa uma ação onde educadores(as) e educandos(as) tenham a oportunidade de irem se descobrindo em sua totalidade e, percebendo-se como seres sócio-histórico-político-culturais, vão sabendo-se incompletos(as) e inconclusos(as), sentindo-se capazes de “ser mais”, em todas as dimensões do humano.

Partindo desse pressuposto, é de suma importância que cada vez mais se consolide a idéia, por parte dos professores, que a escola se caracteriza como sendo um espaço formativo, no qual os processos de formação continuada podem vir a ocorrer, e, como um exemplo disso, nas reuniões pedagógicas de professores.

Assim, pode-se compreender que ser profissional da educação é um movimento dialético do ir se construindo, ou seja, o ser professor é algo permanentemente inacabado, pois ele vai se construindo gradativamente, é um processo que sofre influências tanto do âmbito pessoal como profissional.

Desse modo os processos de formação continuada, concretizando-se nas reuniões pedagógicas de professores, acaba fortalecendo e motivando estes a realizarem os encontros e debaterem questões pertinentes, não se sentindo isolados na sua formação, encontrando seres iguais com os mesmo problemas que os seus, podendo aprender a superá-los juntos. É nesse sentido, que se tem em Imbernón (2006) que quando os professores trabalham juntos, cada um pode aprender com o outro. Isso os leva a compartilhar evidências, informações e a buscar soluções. A partir daqui os problemas importantes das escolas começam a ser enfrentados com a colaboração entre todos, aumentando as expectativas que favorecem os estudantes e permitindo que os colegas reflitam uns com os outros sobre os problemas que os afetam.

É por isso que se faz de suma importância, conforme Imbernón (2006) que a formação continuada, possibilite diálogos, construção e reconstrução constantemente, a partir das diversas concepções que cada um traz, e expressa nesse momento formativo. Nesse sentido, Cunha (1999) contempla algumas tarefas que poderiam incentivar no desenvolvimento profissional e no âmbito escolar. Cita, como exemplo, que os incentivos intrínsecos à carreira docente (convívio com os alunos, perceber seu crescimento e seu processo de aprendizagem) poderiam ser mais coletivos, estimulando dessa maneira o trabalho em equipe, fomentando experiências partilhadas e parcerias interdisciplinares.

Desse modo, as reuniões pedagógicas de professores, caracterizando-se como fazendo parte dos processos de formação continuada, instigam a reflexividade do professor, quanto à sua prática, o que possibilita o compartilhar de informações, dúvidas e dificuldades com os demais colegas, pois, através destas socializações, ocorre o avanço do movimento de reflexão, tanto desejado na formação do profissional professor. Quando trabalhamos em conjunto, solidariamente, através de trocas de experiências, cada um de nós nos conhecemos e nos sentimos professor, além, de definitivamente, percebermo-nos atuantes na profissão, de modo que, com o auxílio e ajuda do outro, isto nos motiva para um exercício eficaz do nosso trabalho. Assim, as diferentes relações estabelecidas entre profissionais de várias áreas, constituem portas de entrada para a construção de conhecimentos necessários à prática docente.

CUNHA, M. I. Profissionalização docente: contradições e perspectivas. In: VEIGA, I. E CUNHA, M. I. (Orgs). Desmistificando a profissionalização do magistério. Campinas: Papirus, 1999, pp.127-147.

IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional. Forma-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2006.

ISAIA, S. M. A.; BOLZAN, D. P. V. Trajetórias da docência: articulando estudos sobre os processos formativos e a aprendizagem de ser professor. In: ISAIA, S. M. A.; BOLZAN, D. P. V. (org.). Pedagogia universitária e desenvolvimento profissional docente. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009, pp.121-143.

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