terça-feira, 13 de dezembro de 2011

II CICLO DE ESTUDOS - Temática: Educação Física Escolar - Clairton
 
 A Educação Física sempre se confundiu com o Desporto. Tanto que até hoje não se diferencia um "bom treinador" de um "bom professor" (BRACHT, 1989, p.12).

Primeiramente, parabenizo a Professora Marta pelo excelente texto que introduz a nova temática. Inicio a minha contribuição com a citação de Valter Bracht (1989), embora tenha sido escrita há 22 anos na “Revista da Fundação do Esporte e Turismo”,  continua muito atual. Os professores, conjuntamente com a disciplina, sofrem com tais concepções provenientes de uma história que ainda mostra suas marcas, tornando a reflexão sobre os caminhos percorridos pela Educação Física um exercício complexo que envolve múltiplos fatores que se entrelaçam com a história da Educação brasileira.
 Como foi bem colocado anteriormente pelo professor Leonardo “Refletir sobre práticas pedagógicas requer conhecimento da história da EF, sobremaneira das influências que os setores político e social impõem a Educação Física”. Sabemos que as políticas voltadas ao esporte regem as bases educacionais direcionadas a Ed. Física, essas convicções sempre fizeram parte de sua história. Primeiramente, utilizada pelas instituições médicas e militares no sentido de melhorar a saúde e disciplinar as pessoas ao trabalho; posteriormente, usada como uma ferramenta social capaz de mudar o futuro de milhares de jovens através da produção de atletas habilitados a representar a nação, demonstrando a força do país frente a outras potências mundiais. Transferindo para a Ed. Física responsabilidades que ultrapassam a competência de uma disciplina escolar.
Agregando elementos substanciosos a problemática, o Brasil sediará em 2014 a “Copa do Mundo” e em 2016 as “Olimpíadas” somando uma quantia de gastos públicos na casa de BILHÕES de reais, que poderiam ser mais bem empregados nas necessidades básicas da população. Neste momento, cabe o seguinte questionamento: quais as alternativas que nós professores possuímos a disposição para lutar contra mais uma investida política de transformar os “professores de Ed. Física” em “treinadores” para os mega-eventos?
Inegavelmente avanços teóricos na área da Educação Física foram conquistados na tentativa de superar tal contexto, podemos perceber algumas delas nas escritas dos professores (Hugo Krug, Marta Marques e Franciele Ilha) ao destacarem: a qualificação dos cursos de formação inicial e continuada, formação de professores reflexivos, melhor condição de trabalho e salário, sendo estes, um dos caminhos a serem percorridos com vistas a um futuro diferente para a disciplina.
Com tudo, aponto este problema como um dos principais descaminhos percorridos pela Ed. Física ao longo de sua história. Para finalizar, deixo a seguinte questão: com a aproximação dos mega-eventos existe risco de retrocesso nas conquistas da Ed. Física referente ao campo educacional, retornando a velha concepção de treinadores em vez de professores?

REFERÊNCIA
BRACHT. V. Educação física: a busca da autonomia pedagógica. Revista da Fundação do Esporte e Turismo, 1989. Disponível em: http://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt, Acesso em: 10 de Dezembro 2011.

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