Dando continuidade as colocações dos colegas sobre Identidade Profissional , faço o seguinte questionamento: que sentido tem essa palavra IDENTIDADE para nós professores? Todo ser humano possui uma identidade e conseqüentemente se identifica mais com determinadas coisas ou situações do que com outras. Afinal, identidade não “nasce” pronta, acabada, mas ela é constituída passo a passo e particularmente para o professor ela se constitui no cotidiano da escola, configurando-se num projeto individual de trabalho e de vida que nunca pode ser dissociado de um projeto maior, o do grupo, do qual faz parte toda a comunidade escolar. Para nós professores, falar sobre nossa identidade é desvelar muitas coisas, é deixar voltar o olhar para nós e nos conhecermos melhor em nós mesmos e com os outros, na convivência com o grande grupo.
Dessa forma, a identidade do professor vai se constituindo na síntese produzida na contradição entre o particular e o coletivo, entre o individual e o social, entre o já dado e o vir-a-ser. Além disso, “A identidade profissional não pode ser dissociada da adesão dos professores ao projeto histórico da escolarização, o que funda uma profissão que não se define nos limites internos de sua atividade” (NÓVOA, 1995, p.20).
Ainda de acordo com o mesmo autor a identidade não é um dado adquirido, não é uma propriedade, não é um produto. A identidade é um lugar de lutas e de conflitos, é um espaço de construção de maneiras de “ser” e de “estar” na profissão. Por isso, é mais adequado falar em processo identitário, realçando a mescla dinâmica que caracteriza a maneira como cada um se sente e se diz professor ou vice-versa.
Também a constituição da identidade profissional do professor acontece continuamente, em decorrência das referências de cada docente, bem como da maneira como estes percebem, interpretam e significam a sua identidade. Em meio a esse processo, a identidade docente se define no equilíbrio entre as características da sua vida pessoal, articuladas com sua vida profissional e dessa forma vai se constituindo a partir das relações sociais que estabelece com seus alunos, família e instituição, que de uma forma ou de outra influenciam nessa construção.
Assim, ao longo da sua trajetória formativa e profissional, o professor vai construindo saberes, conhecimentos, vai adquirindo experiências que farão parte de seu referencial teórico que irão fundamentar suas práticas e ações educativas.
Dessa forma, segundo Moita (1992) essa identidade vai sendo desenhada não só a partir do enquadramento intra-profissional, mas também com o contributo das interações que vão se estabelecendo entre o universo profissional e os outros universos socioculturais.
REFERÊNCIAS:
NÓVOA, Antônio. Profissão professor. Lisboa: Porto Editora, 1995.
MOITA, M. da C. Percursos de formação e de trans-formação. In: NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Porto: Porto Editora, 1992.
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