sexta-feira, 22 de junho de 2012

Oficina de Produção de Textos: A AVENTURA DE LER E ESCREVER - TEXTO Nº 15


RESENHANDO O TEXTO “O REGRESSO DOS PROFESSORES”

Patric Paludett Flores[1]

         Durante muitos anos o professor esteve invisível perante os olhos das políticas nacionais, onde os outros problemas e preocupações possuíam todos os olhares. Porém, nos últimos anos essa invisibilidade já não está mais tão presente e, desta forma, podemos acompanhar o regresso dos professores ao centro do palco.
            Nessa direção, António Nóvoa (2007) escreve seu texto com reflexões sobre essa volta dos olhares para questões relacionadas com a profissão docente. Além disso, coloca que duas realidades encontradas nas escolas “se impuseram como temas obrigatórios de reflexão e intervenção no campo da educação” (p.1).
            Uma delas é a diversidade, pois a sociedade se encontra neste padrão nos dias atuais e, dentro da escola, isso se reflete. Com isso, podem-se abrir caminhos para uma prática de questões de inclusão social e integração escolar, valorizando a importância do ‘ser diferente’ e derrubando o paradigma de que há apenas um único modelo escolar. E a outra realidade é os desafios impostos pelas novas tecnologias que estão, cada vez mais, presentes na sociedade e conseqüentemente nas escolas.
Desta maneira, os professores aparecem neste cenário atual não só na promoção de aprendizagem, mas também como articuladores dessa inclusão escolar e dessas novas tecnologias.
Frente a essas circunstâncias, concordamos que é de grande importância que o professor encontre maneiras de saber compreender esta situação e que saiba lidar com as mesmas. Porém isso precisa ser realmente atingido e não apenas retratado superficialmente. 
Hoje, vivemos em uma espécie de consenso discursivo que se refere ao desenvolvimento profissional dos professores, à articulação da Formação Inicial e da Formação Continuada numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida. Mas tendo conhecimento dessa articulação já é o suficiente? Sabemos do que é necessário realizar, mas isso apenas permanece nos discursos dos grupos que necessitam destes para melhorarem seus prestígios no seio da universidade.
Nóvoa (2007) coloca que temos um discurso coerente, em muitos aspectos consensual, que estamos de acordo quanto ao que é preciso fazer, mas raramente temos conseguido fazer aquilo que dizemos que é preciso fazer (p.4).
Atualmente, muitas são as maneiras de se tentar melhorar a prática dos professores, pois houve uma grande expansão da comunidade de formação de professores, com seus produtos tradicionais, como também, com suas tecnologias educativas. Materiais tão lindos e eficientes no discurso, mas na prática nem tanto assim.
É de nosso conhecimento que não adianta termos discursos que nos remetem a saberes já evidentes, pois somente fugiremos desta prática não favorável, se não tivermos subsídios que apóiem essas mudanças.

Não conseguiremos evitar a “pobreza das práticas” se não tivermos políticas que reforcem os professores, os seus saberes e os seus campos de actuação, que valorizem as culturas docentes, que não transformem os professores numa profissão dominada pelos universitários, pelos peritos ou pela “indústria do ensino” (NÓVOA, 2007, p.5).

Refletindo neste caminho, António Nóvoa (2007) traz algumas medidas que podem repercutir em ações para alguma mudança nas praticas dos professores.
Por primeiro, é preciso passar a formação de professores para dentro da profissão. Desta maneira, compreendemos que se há uma intenção de ajudar os professores, é necessário estar presente nas práticas dos mesmos. Também, é importante que estes saibam estarem unidos, pois somente haverá uma mudança se, tanto as comunidades dos formadores de professores, quanto às comunidades dos professores estiverem mais dispostas e permeáveis para esta ação. Desta forma, valorizando a reflexão do próprio professor sobre o seu trabalho, pois se isso apenas ocorrer exteriormente, as mudanças continuarão ‘pobres’.
Em segundo, é preciso promover novos modelos de organização da profissão. É de nosso conhecimento que muitos são os problemas em relação aos modelos de organização nas escolas, mesmo nos discursos atuais sendo bastante trabalhadas as questões de cooperação dos professores, ainda temos essa dificuldade em superar, pois são ainda muito frágeis os movimentos pedagógicos.
Compreendendo este ponto, é que destacamos a importância de se ter um movimento pedagógico que realmente possibilite as mudanças. Que tenha como base um sentimento de pertença e de identidade profissional, para que os professores se apropriem das mudanças e transformem-nas em práticas reais de intervenção.
E como terceira medida, é preciso reforçar a presença pessoal e pública dos professores. Compreendemos que ao escolhermos ser professor, devemos primeiramente estar cientes que nossa formação será permanente, que estaremos envolvidos pela busca de conhecimento sempre, e isso deverá ser algo presente no momento da construção de nossa identidade profissional docente.
Temos conhecimento de que a maneira que encontramos as formações continuadas não está sendo o suficiente, pois apenas realizá-las sem ao menos saber o porquê de fazê-las, não é a maneira mais correta de se resolver os problemas docentes. Desta forma, acreditamos que os momentos significativos para que ocorra essa formação, são os espaços de trabalho coletivo através de diálogos e partilha das práticas dos próprios professores, buscando trabalhar com as necessidades pessoais e profissionais dos mesmos.
Desta maneira, acreditamos que o trabalho de formação deve estar próximo da realidade escolar, bem como, dos problemas sentidos pelos professores, pois muito se diz o que devemos fazer, mas na prática não chegamos nem perto. Precisamos romper com essa situação e ir além destes lindos discursos nas falas. É necessário de imediato que possamos começar essa mudança e encarar os problemas docentes com suporte concreto.

REFERÊNCIA



NÓVOA, A. S. O regresso dos professores. Conferência: Desenvolvimento profissional de professores para a qualidade e para a equidade da aprendizagem ao longo da Vida. Lisboa, Parque das Nações – Pavilhão Atlântico – Sala Nónio, 27 e 28 de Setembro de 2007.  


[1] Licenciado em Educação Física/UFSM. Especializando em Educação Física Escolar PPGCMH/UFSM e Mestrando em Educação PPGE/UFSM

Um comentário:

  1. Olá Patric! Li o seu texto e o achei muito interessante. Parabéns pelo seu "poder" de síntese. Prof. Hugo

    ResponderExcluir