RESENHANDO
O TEXTO “O REGRESSO DOS PROFESSORES”
Patric
Paludett Flores[1]
Durante
muitos anos o professor esteve invisível perante os olhos das políticas
nacionais, onde os outros problemas e preocupações possuíam todos os olhares.
Porém, nos últimos anos essa invisibilidade já não está mais tão presente e,
desta forma, podemos acompanhar o regresso dos professores ao centro do palco.
Nessa
direção, António Nóvoa (2007) escreve seu texto com reflexões sobre essa volta
dos olhares para questões relacionadas com a profissão docente. Além disso,
coloca que duas realidades encontradas nas escolas “se impuseram como temas
obrigatórios de reflexão e intervenção no campo da educação” (p.1).
Uma
delas é a diversidade, pois a sociedade se encontra neste padrão nos dias
atuais e, dentro da escola, isso se reflete. Com isso, podem-se abrir caminhos
para uma prática de questões de inclusão social e integração escolar,
valorizando a importância do ‘ser diferente’ e derrubando o paradigma de que há
apenas um único modelo escolar. E a outra realidade é os desafios impostos
pelas novas tecnologias que estão, cada vez mais, presentes na sociedade e
conseqüentemente nas escolas.
Desta maneira, os
professores aparecem neste cenário atual não só na promoção de aprendizagem,
mas também como articuladores dessa inclusão escolar e dessas novas
tecnologias.
Frente a essas
circunstâncias, concordamos que é de grande importância que o professor
encontre maneiras de saber compreender esta situação e que saiba lidar com as
mesmas. Porém isso precisa ser realmente atingido e não apenas retratado
superficialmente.
Hoje, vivemos em uma espécie
de consenso discursivo que se refere ao desenvolvimento profissional dos
professores, à articulação da Formação Inicial e da Formação Continuada numa
perspectiva de aprendizagem ao longo da vida. Mas tendo conhecimento dessa
articulação já é o suficiente? Sabemos do que é necessário realizar, mas isso
apenas permanece nos discursos dos grupos que necessitam destes para melhorarem
seus prestígios no seio da universidade.
Nóvoa (2007) coloca que
temos um discurso coerente, em muitos aspectos consensual, que estamos de
acordo quanto ao que é preciso fazer, mas raramente temos conseguido fazer
aquilo que dizemos que é preciso fazer (p.4).
Atualmente, muitas são as
maneiras de se tentar melhorar a prática dos professores, pois houve uma grande
expansão da comunidade de formação de professores, com seus produtos
tradicionais, como também, com suas tecnologias educativas. Materiais tão
lindos e eficientes no discurso, mas na prática nem tanto assim.
É de nosso conhecimento que
não adianta termos discursos que nos remetem a saberes já evidentes, pois
somente fugiremos desta prática não favorável, se não tivermos subsídios que apóiem
essas mudanças.
Não conseguiremos
evitar a “pobreza das práticas” se não tivermos políticas que reforcem os
professores, os seus saberes e os seus campos de actuação, que valorizem as
culturas docentes, que não transformem os professores numa profissão dominada
pelos universitários, pelos peritos ou pela “indústria do ensino” (NÓVOA, 2007,
p.5).
Refletindo neste caminho,
António Nóvoa (2007) traz algumas medidas que podem repercutir em ações para
alguma mudança nas praticas dos professores.
Por primeiro, é preciso
passar a formação de professores para dentro da profissão. Desta maneira,
compreendemos que se há uma intenção de ajudar os professores, é necessário
estar presente nas práticas dos mesmos. Também, é importante que estes saibam
estarem unidos, pois somente haverá uma mudança se, tanto as comunidades dos
formadores de professores, quanto às comunidades dos professores estiverem mais
dispostas e permeáveis para esta ação. Desta forma, valorizando a reflexão do
próprio professor sobre o seu trabalho, pois se isso apenas ocorrer
exteriormente, as mudanças continuarão ‘pobres’.
Em segundo, é preciso
promover novos modelos de organização da profissão. É de nosso conhecimento que
muitos são os problemas em relação aos modelos de organização nas escolas,
mesmo nos discursos atuais sendo bastante trabalhadas as questões de cooperação
dos professores, ainda temos essa dificuldade em superar, pois são ainda muito
frágeis os movimentos pedagógicos.
Compreendendo este ponto, é
que destacamos a importância de se ter um movimento pedagógico que realmente
possibilite as mudanças. Que tenha como base um sentimento de pertença e de
identidade profissional, para que os professores se apropriem das mudanças e
transformem-nas em práticas reais de intervenção.
E como terceira medida, é
preciso reforçar a presença pessoal e pública dos professores. Compreendemos
que ao escolhermos ser professor, devemos primeiramente estar cientes que nossa
formação será permanente, que estaremos envolvidos pela busca de conhecimento
sempre, e isso deverá ser algo presente no momento da construção de nossa
identidade profissional docente.
Temos conhecimento de que a
maneira que encontramos as formações continuadas não está sendo o suficiente,
pois apenas realizá-las sem ao menos saber o porquê de fazê-las, não é a maneira
mais correta de se resolver os problemas docentes. Desta forma, acreditamos que
os momentos significativos para que ocorra essa formação, são os espaços de
trabalho coletivo através de diálogos e partilha das práticas dos próprios
professores, buscando trabalhar com as necessidades pessoais e profissionais
dos mesmos.
Desta maneira, acreditamos
que o trabalho de formação deve estar próximo da realidade escolar, bem como,
dos problemas sentidos pelos professores, pois muito se diz o que devemos
fazer, mas na prática não chegamos nem perto. Precisamos romper com essa
situação e ir além destes lindos discursos nas falas. É necessário
de imediato que possamos começar essa mudança e encarar os problemas docentes
com suporte concreto.
REFERÊNCIA
NÓVOA,
A. S. O regresso dos professores. Conferência: Desenvolvimento profissional
de professores para a qualidade e para a equidade da aprendizagem ao longo da
Vida. Lisboa, Parque das Nações – Pavilhão Atlântico – Sala Nónio, 27 e 28 de
Setembro de 2007.
[1]
Licenciado em Educação Física/UFSM. Especializando em Educação Física Escolar
PPGCMH/UFSM e Mestrando em Educação PPGE/UFSM
Olá Patric! Li o seu texto e o achei muito interessante. Parabéns pelo seu "poder" de síntese. Prof. Hugo
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