quarta-feira, 23 de maio de 2012

Oficina de Produção de Textos: A AVENTURA DE LER E ESCREVER! - TEXTO Nº 06

REFLEXÃO ACERCA DOS ESTÁGIOS CURRICULARES SUPERVISIONADOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Fabiana Ritter Antunes

Pesquisas e estudos recentes na área de formação de professores revelam a importância da formação de professores, porém deve se ter cuidado com os processos de mudanças da sociedade brasileira contemporânea a qual está marcada por determinações históricas específicas.
Nesse sentido, é preciso investir na formação e no desenvolvimento profissional dos professores. De acordo com Piconez (1991), nos anos 1980 e 1990, diferentes países realizaram grandes investimentos na área da formação e desenvolvimento profissional de professores. Os professores contribuem com seus saberes, seus valores, suas experiências nessa complexa tarefa de melhorar a qualidade social da escolarização.
Os cursos de formação de professores de uma maneira geral e, em particular, as licenciaturas, isto é, aqueles responsáveis pela formação de professores para as áreas específicas, tem passado, nestes últimos anos, por grandes discussões, sendo alvos de inúmeras propostas de mudanças curriculares (CARVALHO 1985).
Durante a história da formação de professores no Brasil, independente dos diferentes enfoques, o Estágio Curricular foi assumido como um componente curricular responsável para contribuir na formação prática dos professores.
Ainda nesse enfoque, o Estágio Curricular, tem finalidade de integrar o processo de formação do aluno, futuro profissional de modo a considerar o campo de atuação como objeto de análise, de investigação e de interpretação crítica, a partir dos nexos com as disciplinas do curso (PICONEZ, 1991).
Um dos objetivos centrais do Estágio Curricular é ser um espaço de construção de aprendizagens significativas no processo de formação dos professores. Ou seja, junto com as disciplinas teóricas desenvolvidas nos cursos de formação, o estágio, também, apresenta-se como responsável pela construção de conhecimentos e tem potenciais possibilidades de contribuir com o fazer profissional do futuro professor (FREIRE, 2001).
        O Estágio Curricular é campo de conhecimento, portanto volta-se a uma visão ampla deste. O estágio faz parte de todas as disciplinas, percorrendo o processo formativo desde o início (PIMENTA; LIMA, 2004).
            De acordo com Piconez (1991), o Estágio Supervisionado pertence ao currículo dos cursos de formação de professores e deve ser repensado nesse âmbito, articulando-se com os demais componentes curriculares do curso.
Carvalho (1985) procura deixar claro que a aprendizagem se constrói à medida que as experiências vivenciadas nos estágios sejam discutidas e teorizadas num momento destinado a essa finalidade no interior do curso de formação inicial.
            As experiências, a trajetória pessoal dos alunos devem ser valorizadas como referencias importantes para serem discutidas e refletidas nas aulas.
Sendo assim, não basta ir à escola-campo. É necessário, depois, que as observações e/ou participações realizadas pelos alunos sejam consideradas no currículo do curso de formação, dentro de um espaço/tempo, privilegiado para uma análise crítica e diálogo, na tentativa de interagir a realidade profissional com os elementos estudados durante a formação inicial (CARVALHO, 1985).
Essa reciprocidade demonstra a necessidade da articulação entre a teoria e a prática, em função da formação de professores, a fim de que o ensino na Universidade não seja descontextualizado, mas enriquecido com a problemática do cotidiano escolar, e nem a prática da escola seja, somente, fruto do senso comum, ou uma prática pautada pelo saber tácito, construído pela rotina, reprodução ou repetição das ações, mas fruto de uma ação crítica e reflexiva sustentada por um consistente referencial teórico (BEHRENS, 1991).
É necessário a articulação da relação teoria e prática no estágio, como elemento facilitador da articulação teoria-prática sempre foi assumida como um das funções elementares desse componente curricular, obrigatório no processo de formação de professores, uma vez que, por intermédio dele, os alunos têm a oportunidade de, participando da formação oferecida pelas Universidade, ao mesmo tempo, ter um contato com a realidade educacional desenvolvida nas escolas. (PIMENTA, 2001).
Assim, o conhecimento da realidade escolar através dos estágios não tem favorecido reflexões sobre uma prática criativa e transformadora nem possibilitado a reconstrução ou redefinição de teorias que sustentem o trabalho do professor.
Portanto tomo minhas as palavras de Lima (1995), onde faz um convite aos estagiários que desenvolvam um olhar crítico sobre a realidade que vivenciam no cotidiano escolar. Ou seja, que façam, em seu processo de formação, o exercício da práxis a partir da realidade do trabalho educativo contextualizado, a fim de que essa prática se torne constante por ocasião do seu exercício profissional.
Sem a pretensão de esgotar o assunto, que carece de mais estudos e pesquisas, poderíamos destacar a gama de experiências que se adquire no estágio para reflexões críticas, buscando construir uma escola de qualidade para todos a partir da formação e qualidade de seus profissionais.

REFERÊNCIAS

BEHRENS, Marilda Aparecida. O Estágio Supervisionado de Prática de Ensino: Uma proposta coletiva de reconstrução. Dissertação de Mestrado em Educação. São Paulo, PUC/SP. 1991.

CARVAHO, Anna Maria Pessoa de. Prática de Ensino: Os estágios na formação do professor. São Paulo: Pioneira, 1985.

FAZENDA, Ivani Catarina A. [et al.]. A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado. PICONEZ, Stela C.B. (Coord.). Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 1991.

FREIRE, Ana Maria. Concepções orientadoras do processo de aprendizagem do ensino nos estágios pedagógicos. Colóquio: Modelos e práticas de formação Inicial de professores, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Lisboa. Lisboa, Portugal, 2001. http:/ www.educ.fc.ul.pt/recentes/mpfip/pdfs/afreire.pdf. Acessado em 12/05/2012.

LIMA, Maria Socorro L. O Estágio Supervisionado como elemento mediador entre a formação inicial do professor e a educação continuada. Dissertação de Mestrado, Fortaleza: Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, 1995.

PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores: Unidade teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria do Socorro L. Estágio e docência. (Coleção docência em formação. Série saberes pedagógicos). São Paulo. Cortez, 2004.

RIANI, Dirce Camargo. O caminhar dos Estágios Supervisionados: Convite a uma releitura crítica. Dissertação de Mestrado, São Paulo, PUC/SP, 1994.

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