quarta-feira, 30 de maio de 2012

Oficina de Produção de Textos: A AVENTURA DE LER E ESCREVER - TEXTO Nº 08

A AVALIAÇÃO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Cassiano Telles

            Segundo Rombaldi (1996) existem algumas limitações de estudos e pesquisas sobre a avaliação do processo de ensino-aprendizagem na Educação Física em concepções mais abrangentes do que a tecnicista. Neste direcionamento de afirmação, o Coletivo de Autores (1992) destaca que na concepção tecnicista e hegemônica de Educação Física o processo de ensino-aprendizagem dá prioridade ao esforço individual no qual a finalidade é selecionar os alunos, quando normalmente o conteúdo é o esporte, o jogo e a avaliação se realiza através de testes esportivos motores, isto, é as principais preocupações incidem sobre os métodos e técnicas usadas, criando-se testes, materiais e sistemas, estabelecendo-se critérios com fins classificatórios e seletivos. Essa ênfase serve para confundir e ocultar importantes reflexões dobre a avaliação, numa perspectiva mais progressista de educação.
            Rombaldi (1996) afirma que testar e medir fazem parte do processo avaliativo, mas, não se esgotam por aí, se faz  necessário chegarmos a avaliação, onde podemos obter determinadas conclusões e tomarmos decisões necessárias para prosseguirmos avaliando.
            Assim, convém lembrarmos Costa (1989) que, há mais de duas décadas atrás, já destacava que a medida só se torna significativa quando é colocada a serviço da avaliação. A avaliação tanto pode ser de ordem quantitativa como qualitativa, dependendo do tipo de variável envolvida no processo de coleta de informações. Em Educação Física a avaliação dos aspectos cognitivos, sociais e afetivos são raramente realizados nas escolas, e os testes motores vem sendo utilizados para verificar se o aluno é capaz de repetir movimentos, dificilmente sendo utilizados para verificar se o aluno entende o que faz e se é capaz de criar ou criticar algo ou alguém.
            Conforme Luckesi (1995) quando se enfatiza a necessidade de mudanças na forma como as avaliações vem sendo feitas, para muitos professores, significa eliminá-las das escolas, pela limitação do entendimento do que seja avaliação, vindo a confundir com atribuição de notas ao desempenho de seu aluno como se o aspecto mais importante da avaliação fosse a expressão dos resultados e não de seu significado.
            Neste sentido, para Rombaldi (1996) a avaliação do processo de ensino-aprendizagem é muito mais do que simplesmente aplicar testes, levantar medidas, selecionar e classificar alunos, não só constatar, mas modificar, prosseguir, melhorar.
            Neste direcionamento de entendimento da avaliação, Haydt (1994) cita alguns princípios da avaliação: a) É um processo contínuo e sistemático – Faz parte de um sistema mais amplo, que é o processo ensino-aprendizagem. Ela não tem um fim em si mesma, é sempre um meio, um recurso, e como tal deve ser usada. Deve ser constante e planejada, ocorrendo normalmente ao longo de todo o processo, para reorientá-lo e aperfeiçoá-lo; b) É funcional – Porque se realiza em função dos objetivos previstos. Os objetivos são os elementos norteadores da avaliação; c) É orientador – Porque indica os avanços e dificuldades do aluno, ajudando-o a progredir na aprendizagem, orientando-o no sentido de atingir os objetivos propostos. Numa perspectiva orientadora, a avaliação também ajuda o professor areplanejar seu trabalho, pondo em prática procedimentos alternativos, quando se fizerem necessários; e, d) É integral – Pois considera o aluno como um ser total e integrado e não de forma compartimentada. Ela deve analisar e julgar todas as dimensões do comportamento, incidindo sobre os elementos cognitivos e também sobre o aspecto afetivo, social e psicomotor.
            Ao abordar o porque avaliar ou sobre a importância do avaliar, vários autores, entre eles Haydt (1994) e Libâneo (1992) destacam que é importante a realização da avaliação para verificar o progresso alcançado pelos alunos, que reflete a eficácia do ensino. Ao avaliar os seus alunos, o professor está, também avaliando seu próprio trabalho. O aprendiz tem necessidade de conhecer suas possibilidades para poder situar-se em relação ao que está sendo proposto e buscar novos caminhos para construir novas estruturas.
            No direcionamento de como avaliar, Rombaldi (1996), destaca que o como avaliar refere-se aos procedimentos da avaliação, ou seja, identificar a melhor forma de realizá-la, escolhendo as principais técnicas e instrumentos.
            Segundo Haydt (1994) para avaliar o aproveitamento do aluno existem três técnicas básicas e uma grande variedade de instrumentos de avaliação. As técnicas são: 1) A observação; 2) A auto-avaliação; e, 3) A aplicação de provas (Tem três tipos: solução de problemas; dissertação; testagem). Já quanto aos instrumentos são os seguintes: 1) Registro da observação (fichas ou cadernos); 2) Registro da auto-avaliação; 3) Prova oral ou escrita (tem dois tipos: dissertação e objetiva) e prova prática. Convém destacar que o objetivo da observação ou auto-avaliação é verificar o desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e social em decorrência das experiências vivenciadas. Já o objetivo da aplicação de provas é determinar o aproveitamento cognitivo e motor do aluno em decorrência da aprendizagem.
            Rombaldi (1996) destaca que o principal objetivo da avaliação é ajudar o aluno a se auto-avaliar, a perceber suas falhas e seus pontos fortes e, através de uma reflexão conjunta, aprender a se auto-conhecer e a buscar novos caminhos para a sua realização. Assim, todos os momentos avaliativos deveriam ser convertidos em momentos de aprendizagem, de estímulo para a busca de novos conhecimentos, em momentos de satisfação mútua entre professor e aluno. E, a partir desta compreensão, a avaliação deixa de ser um elemento terminal do processo de aquisição do conhecimento para se transformar em ação de acompanhamento do processo educativo. A avaliação servirá de instrumento que subsidiará a prática educativa que requer uma metodologia adequada às diferenças individuais que os alunos apresentam, respeitando assim os processos de crescimento e aprendizagem, assumindo uma postura de verdadeiro educador preocupado com a tarefa de ensinar e fazendo tudo para que os alunos aprendam mais e melhor.

Referências


COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

COSTA, M.G. A questão da avaliação da Educação Física no Brasil. In: SIMPÓSIO PAULISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, II, 1989, Rio Claro. Anais, Rio Claro: UNESP, 1989.

HAYDT, R.C.C. Curso de Didática geral. São Paulo: Ática, 1994.

LIBÂNEO, J.C. Didática. São Paulo: Cortez, 1992.

LUCKESI, C.C. Planejamento e avaliação na escola: articulação e necessária determinação ideológica. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 1995. p.102-119.

ROMBALDI, R. de M. A avaliação e sua importância. In: CANFIELD, M. de S. (Org.). Isto é Educação Física! Santa Maria: JtC Editor, 1996. p.33-50.

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