Iniciarei minhas contribuições, parabenizando a Mediadora Ana Paula Cristino pela temática escolhida: “formação continuada”.
De fato, o tema formação de professores vem sendo discutido em academias, instituições privadas e públicas, razão pela qual assume uma importância crucial na educação brasileira.
Da mesma maneira, Imbérnon (2001) ressalta que hoje a profissão já não é a transmissão de um conhecimento acadêmico ou a transformação do conhecimento comum do aluno em um conhecimento acadêmico. A profissão exerce outras funções: motivação, luta contra a exclusão social, participação, animação de grupos, relações com estruturas sociais, com a comunidade... E é claro que tudo isso requer uma nova formação: inicial e permanente.
Assim, como destaca Freire (2001), é fundamental que na formação continuada de professores ocorra o momento de reflexão crítica sobre a prática.
E nesse sentido é importante desenvolver uma formação na instituição educativa, uma formação no interior da escola. Como a prática educativa é pessoal e contextual, precisa de uma formação que parta de suas situações problemáticas. Na formação não há problemas genéricos para todos nem, portanto, soluções para todos; há situações problemáticas em um determinado contexto prático. Assim, o currículo de formação deve consistir no estudo de situações práticas reais que sejam problemáticas.
Neste diapasão, para Gimeno (1988), o eixo fundamental do currículo de formação do professor é o desenvolvimento da capacidade de refletir sobre a própria prática docente, com o objetivo de aprender a interpretar, compreender e refletir sobre a realidade social e a docência. A formação inicial e permanente preocupa-se fundamentalmente com a gênese do pensamento pratico pessoal do professor, incluindo tanto os processos cognitivos como afetivos que de algum modo se interpretam, determinado a atuação do docente.
Corroborando com as contribuições de Imbérnon (2001), que na formação permanente destacamos cinco grandes linhas ou eixos de atuação:
- a reflexão prático-teórica sobre a própria prática mediante a analise, a compreensão, a interpretação e a intervenção sobre a realidade. A capacidade do professor de gerar conhecimento pedagógico por meio da prática educativa;
- a troca de experiências entre iguais para tornar possível a atualização em todos os campos de intervenção educativa e aumentar a comunicação entre os professores;
- a união da formação a um projeto de trabalho;
- a formação como estímulo crítico;
- o desenvolvimento profissional da instituição educativa mediante o trabalho conjunto para transformar essa prática. Possibilitar a passagem da experiência de inovação (isolada e individual) a inovação institucional;
Assim a formação só será legítima quando contribuir para o desenvolvimento profissional do professor no âmbito de seu trabalho diário e de melhoria das aprendizagens profissionais.
Ainda nesse enfoque não podemos entender a formação permanente apenas como atualização científica, pedagógica e cultural do professor, mas sim, sobretudo como a descoberta da teoria para organizá-la, fundamentá-la, revisá-la e combatê-la, se preciso. Trata-se de remover o sentido pedagógico comum e recompor o equilíbrio entre os esquemas práticos e os esquemas teóricos que os sustentam. (Imbérnon,2001).
Desse modo, Libâneo (1998) faz-se necessário, também, o intercâmbio entre formação inicial e formação continuada, de maneira que a formação dos futuros professores se nutra das demandas da prática e que os professores em exercício frequentem a universidade para discussão e análise de problemas concretos da prática.
Por fim, é preciso promover a autonomia das escolas nesse sentido e as condições necessárias para que tal autonomia ocorra: capacidade de mudança e de promover sua própria mudança; desenvolvimento progressivo; melhoria. - realizando um processo constante de autoavaliação que oriente seu trabalho;
Dessa maneira é necessário resgatar a base reflexiva da atuação profissional com o objetivo de entender a forma em que realmente se abordam as situações problemáticas da prática. O professor precisa ter mais condições de compreender o contexto social no qual ocorre o processo de ensino/aprendizagem, contexto no qual se mesclam diferentes interesses e valores, bem como mais clareza para examinar criticamente o processo da educação existente no país.
Referências:
CONTRERAS,J. A autonomia de professores. São Paulo: Cotez,2002.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 2001.
GIMENO,J. El currículum. Uma reflexión sobre la práctica. Madrid, Morata,1988.
IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 2 ed. São Paulo, Cortez,2001.
LIBÂNEO, J.C. Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educacionais e profissão docente. 2 ed. São Paulo, Cortez,1998.
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